O Ponto de Encontro - Banner
Home Pontos de Vista  Opiniões (pagina in italiano)
Por Marta Helena da Mata Almeida

 

Uma opinião de Marta Helena da Mata Almeida 22/2/2006
Mulheres brasileiras e homens italianos
 

A mulher de hoje tem muitos motivos para se orgulhar: geralmente brilha em tudo que faz, demonstrando capacidade criativa, talento, flexibilidade para enfrentar situações difíceis e uma grande força aliada a uma invencível vontade de viver. É claro que ela tem que superar obstáculos cotidianamente, a sua vida é uma batalha contínua. Não é necessário dizer que a maioria das mulheres, que trabalha fora de casa, deve também arcar inteiramente com os afazeres domésticos. Além de ter um emprego ou outro tipo de atividade, ela continua cuidando da casa, dos filhos, enfim, de tudo que é necessário para um funcionamento do lar.

Na Itália, são raros os casos em que o homem ajuda no serviço da casa, deixando esse "privilégio" inteiramente à sua companheira. A mulher italiana é treinada desde cedo para servir o homem e a mãe passa a vida inteira levando em mãos: café, água, comida e muito mais para os filhos (machos) e o marido. Já as filhas aprendem a trabalhar desde cedo. Os filhos são verdadeiros pachás, pedem tudo na mão, não têm paciência de esperar e são incapazes até de tirar o prato em que comeu da mesa, ao se levantar. Elas trabalham tanto que suas casas mais parecem lojas de móveis, impecáveis.

O homem europeu e o italiano, em particular, têm uma relação de ódio-amor para com todas as mulheres, a começar pela sua mãe. A mãe tem uma relação mórbida, beirando a incesto, com o filho, a quem superprotege e de quem morre de ciúmes. Se a mulher italiana confessasse os seus mais íntimos sentimentos, ela diria que a mulher ideal para o seu filho é ela mesma. Portanto, nenhuma mulher que o filho escolher será do agrado da mãe e ela não vai fazer nada para esconder isso.

Na tentativa de fugir a um confronto com a mulher, o homem italiano procura se casar, ou pelo menos ter como amante, uma mulher estrangeira, sobre quem ele tem grandes fantasias, geralmente errôneas. No início dos anos oitenta imperou a moda de se casar com orientais, em geral japonesas, que eram consideradas dóceis e fáceis de tratar. Logo depois, veio a vez das latino-americanas, tendo o Brasil como foco principal. Ainda hoje milhares de europeus continuam invadindo o continente centro e sul-americano em busca de mulher para casar, amigar, desfrutar ou simplesmente, para umas boas férias regadas a sexo. O tiro costuma sair pela culatra e muitos se apaixonam por garotas que conhecem de forma muito superficial e nos mais variados ambientes. Resultado: é surpreendente a quantidade de casos de europeus casados com brasileiras, cubanas, venezuelanas, etc.

Essa relação, que tem aparentemente tudo para dar certo, pode acabar muito mal, para ambos os lados. O homem vai descobrir que a mulher tem muito mais exigências do que ele imaginava e está disposto a aceitar. Ela vai se deparar com um país frio - no clima e nas relações humanas -, uma sociedade racista, um marido machista e não raro tacanha, muito trabalho braçal, que envolve muitas vezes, até o serviço à família dele. Há ainda os casos mais trágicos, onde o marido é violento e transforma a mulher em sua escrava.

Mas mesmo sem entrar em detalhes, para a mulher brasileira, de modo geral, que vai viver no exterior e que, no Brasil, vivia uma vida minimamente razoável, o choque é violento. Não apenas porque ela passa a ser Maria, tendo que enfrentar limpezas que nunca imaginou, mas também porque percebe que o marido não vê nisso nada demais; aliás, ele conta mesmo que ela faça tudo sozinha (lave, passe, limpe, cozinhe, faça compras no supermercado, vá ao banco e correios pagar as contas - onde se perde de 1 a 3 horas ao dia - e ainda escolha e separe as roupas que ele deve vestir). Eles chegam a ficar escandalizados se a mulher se lamenta com alguém que não era habituada e esse tipo de vida antes.

Para aquelas que não querem cair nessa armadilha, sendo casada, amigada, ou esteja simplesmente passando férias com o namorado, aconselho que seu o primeiro e contínuo objetivo seja "educar" o seu homem, principalmente se ele for estrangeiro. Por educar entendo: fazer um plano bem objetivo de tarefas divididas pelos dois. Isso vai implicar que você, cada dia e por até dezenas de anos, vai ter que sorrir muito simpaticamente e dizer: meu bem, você esqueceu de limpar a janela, está na hora de fazer uma boa faxina, não deixe espirrar gordura no fogão, etc, etc, etc. É claro que, de vez em quando, você não vai usar exatamente a expressão: meu bem e o seu sorriso vai ter desaparecido dos lábios dando lugar a uma expressão bem mais incisiva, porque o "seu bem", é tão distraído e vai esquecer o combinado milhões de vezes. Mas essa é a única maneira de você não se tornar uma serva burra e mal paga. Mesmo que você não trabalhe fora, seu marido deve dividir as tarefas da casa, pois quando um descansa o outro também deve descansar e todos sabemos que o serviço doméstico é um dos mais pesados que existem.

E os filhos? - Ah, os filhos. Pelo amor de Deus, não queira vingar em outras mulheres o que você aceitou como parte da sua vida. Prepare os seus filhos, machos e fêmeas, para um futuro de iguais. Não permita que seu filho cresça como se o mundo existisse para servi-lo. Dê tarefas e responsabilidade a ele e, principalmente, ensine-o a nutrir um profundo respeito e admiração pela mulher.

(livremente tirado da revista "Mundo Brasil", a revista brasileira em Europa)

  Comentários

Voltar à página principal (em português) | Tornare alla pagina principale (in italiano)
Para sugerir um site | Per suggerire un sito
Falemos | Forum