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Os Degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Baú de espantos, Editora Globo, Rio de Janeiro, 1986.

 

I Gradini

Non discendere i gradini del sogno
Per non svegliare i mostri.
Non salire in soffitta - dove
Gli dei, dietro alle loro maschere,
Occultano il loro enigma.
Non scendere, non salire, resta.
Il mistero sta nella tua vita!
Ed è un sogno folle questo nostro mondo...

 

Obsessão Do Mar Oceano

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

O Aprendiz de Feticeiro, Editora Nova Fronteira, Porto Alegre, 1950.

 

Ossessione Dell'oceano

Cammino felice per le strade senza nome…
Che buon vento spira dall'Oceano!
Il mio amore neppur so come si chiama,
Né so quanto è lontano questo Oceano…
Ma ci sono vasi coperti di conchiglie
Sui tavoli… e fanciulle alle finestre
Con orecchini e braccialetti di corallo…
Patelle che ricoprono le porte… caravelle
Sognanti immobili sopra vecchi piani…
In questo,
Nella vetrina del bric il tuo sorriso, Antinoo,
E mi ricordai del povero imperatore Adriano,
Dell'anima sua perduta e vaga nella nebbia…
Ma come spira il vento sull'Oceano!
S'io morissi domani, lascerei solo, solamente,
Una cassa di musica
Una bussola
Una cartina illustrata
Qualche poema pieno dell'unica bellezza
Di essere inconcluso…
Ma come spira il vento in queste vie d'autunno!
Ed io non so, nemmeno so come ti chiami…
Ma ci incontreremo sull'Oceano,
Quando anch'io non avrò più un nome.

 

Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Esconderijos do tempo, L&PM Editores, Porto Alegre, 1980.

 

I Poemi

I poemi sono uccelli che arrivano
non si sa da dove e atterrano
sul libro che leggi.
Quando chiudi il libro, essi prendono il volo
come da una trappola.
Non hanno campo
né porto;
s'alimentano un attimo in ogni
paio di mani e ripartono.
E guardi, allora, queste tue mani vuote,
sorprendentemente meravigliato di sapere
che il loro alimento era proprio in te…

 

O Estranho Caso De Mister Wong

Além do controlado Dr. Jekyll
e do desrecalcado Mister Hyde,
há também um chinês dentro de nós:
Mister Wong.
Nem bom, nem mau: gratuito.

Entremos, por exemplo, neste teatro.
Tomemos este camarote.
Pois bem, enquanto o Dr. Jekyll,
muito compenetrado, é todo ouvidos,
e Mister Hyde arrisca um olho e a alma no
decote da senhora vizinha,
o nosso Mister Wong, descansadamente,
põe-se a contar carecas na platéia…

Outros exemplos?
Procure-os o senhor em si mesmo, agora mesmo.
Não perca tempo. Cultive o seu Mister Wong!

Sapato Florido, Editora do Globo, Porto Alegre, 1948

 

Lo Strano Caso Di Mister Wong

Oltre al controllato Dr. Jekyll
e allo screanzato Mister Hyde.
C'è anche un cinese dentro di noi:
Mister Wong.
Né bene, né male: gratuito.

Entriamo, per esempio, in questo teatro.
Prendiamo questo palco.
Ecco, mentre il Dr. Jekyll,
molto assorto, è tutto orecchi,
e Mister Hyde rischia un occhio e l'anima
nella scollatura della signora di fianco,
il nostro Mister Wong, tranquillamente,
si mette a contare i calvi che ci sono in platea…

Altri esempi?
Cercateli in voi stessi, adesso, subito.
Non perdete tempo. Coltivate il vostro Mister Wong!

 

Ao Longo Das Janelas Mortas

Ao longo das janelas mortas
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate !… Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrível!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos, Nosso Senior, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê,
As minhas rugas,
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai, cobri com a santa inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho….

O Aprendiz de Feticeiro, Editora Nova Fronteira, Porto Alegre, 1950.

 

Lungo Le Finestre Morte

Lungo le finestre morte
Il mio passo risuona sui marciapiedi.
Che strano suono!… Sarà
Che la mia gamba è di legno?
Ah, come questa vita è automatica!
Sono spossato dalla gravitazione degli astri!
La finirò con questo poema orribile!
Farò un fischio per chiamare le guardie, gli angeli, Nostro Signore, le prostitute, i morti!
Che vengano a vedere il mio degrado,
La mia sete insaziabile di non so che cosa,
Le mie rughe,
Cadete, stelle finte,
Falsa luna di cartone,
Manto ricamato del cielo!
Cadete, coprite con la santa vostra inutilità
Questa carcassa miserevole di sogno…

 

No Silêncio Terrível

No silêncio terrível do Cosmos
Há de ficar uma última lâmpada acesa.
Mas tão baça
Tão pobre
Que eu procurarei, às cegas, por entre os papéis revoltos,
Pelo fundo dos armários,
Pelo assoalho, onde estarão fugindo imundas ratazanas,
O pequeno crucifixo de prata
- O pequenino, o milagroso crucifixo de prata que tu me deste um dia
Preso a uma fita preta.
E por ele os meus lábios convulsos chorarão
Viciosos do divino contato da prata fria…
Da prata clara, silenciosa, divinamente fria - morta!
E então a derradeira luz se apagará de todo…

O Aprendiz de Feticeiro, Editora Nova Fronteira, Porto Alegre, 1950.

 

Nel Silenzio Terribile

Nel silenzio terribile del Cosmo
Ha da restare un'ultima lampada accesa.
Ma così bassa,
Così fievole
Che io cercherò, alla cieca, fra le carte in disordine,
Sul fondo degli armadi,
Nel solaio, dove staran scappando immonde pantegane,
Il piccolo crocifisso d'argento
- Il piccolino, il miracoloso crocifisso d'argento che tu mi desti un giorno,
Attaccato a un nastro nero.
E per esso le mie labbra tremanti piangeranno
Sconvolte dal divino contatto dell'argento freddo…
Dell'argento chiaro, silenzioso, divinamente freddo - morto!
E allora l'ultima luce si spegnerà del tutto…

 

O poema

Um poema como um gole dágua bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta notturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.

O Aprendiz de Feticeiro, Editora Nova Fronteira, Porto Alegre, 1950.

Il poema

Un poema come un sorso d'acqua bevuto al buio.
Come un povero animale ansante ferito.
Come monetina d'argento persa per sempre nella foresta notturna.
Un poema senz'altra angustia che la sua misteriosa condizione di poema.
Triste.
Solitario.
Unico.
Ferito da mortal bellezza.

 

Deixa-me seguir para o mar

Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar
Um fantasma...
Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui, um rio que vai fluindo...
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
Me recamarei de estrelas como um manto real,
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar!

Baú de espantos, Editora Globo, Rio de Janeiro, 1986

 

Lasciami continuare verso il mare

Prova a dimenticarmi…
Esser ricordato è come evocare
Un fantasma…
Lasciami essere quel che sono,
Che son sempre stato, un fiume che scorre…
Invano, sulle mie sponde canteranno le ore,
Mi ricamerò di stelle come un manto regale,
Mi ornerò di nuvole e di ali,
Di quando in quando verranno i fanciulli a bagnarsi in me…
Uno specchio non conserva quel che riflette!
E il mio destino è continuare… continuare verso il Mare,
Perdendo le immagini lungo la strada…
Lasciami fluire, passare, cantare…
Tutta la tristezza dei fiumi
Sta nel non potersi fermare!

 

Viração

Voa um par de andorinhas, fazendo verão.
E vem uma vontade de rasgar velhas cartas,
velhos poemas, velhas contas recebidas.
Vontade de mudar de camisa,
por fora e por dentro . . . vontade . . .
Para que esse pudor de certas palavras? . . .
Vontade de amar, simplesmente.

Sapato florido, Editora do Globo, Porto Alegre, 1948

 

Brezza della sera

Vola una coppia di rondini, e fa estate.
E viene una voglia di strappare vecchie lettere,
vecchie poesie, vecchie fatture ricevute.
Voglia di cambiar camicia,
fuori e dentro… voglia…
Ma perché questo pudore di certe parole?
Voglia di amare, semplicemente.

 

Bilhete com endereço

Mas onde já se ouviu falar num amor á distância,
Num teleamor ?!
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
È teu calor animal…

Baú de espantos, Editora Globo, Rio de Janeiro, 1986

 

Biglietto con indirizzo

Ma quando mai s'è sentito parlare di un amore a distanza?
Di un teleamore?!
Di un amor da lontano...
Quel che io sogno è un amor ben vicino…
E poi
Questo calore umano è una cosa che han tutti - perfino i dirigenti
E' qualcosa che finisce perdendosi nell'aria
Nel vento
Nel freddo che c'è ora…
Ascolta!
Quel che io voglio
Quel che mi piace
Quello che desidero in te
E' il tuo calore animale…

 

Bilhete

Se tu me amas
Ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
E me queres,
enfim,
Tem que ser bem devagarinho, Amada,
Que o vida é breve e o amor mais breve ainda.

Esconderijos do tempo, L&PM Editores, Porto Alegre, 1980

 

Biglietto

Se tu mi ami
Amami sottovoce
Non gridarlo dall'alto dei tetti
Lascia in pace gli uccellini
Lascia in pace me!
E amami,
dunque,
Ma fallo piano piano, Amore mio,
Che la vita è breve e l'amor più breve ancora.

 

Carta

Eu queria trazer-te uma imagem qualquer
para os teus anos…
Oh! Mas apenas este vazio doloroso
de uma sala de espera onde não está ninguém…
E' que,
longe de ti, de tuas mãos milagrosas
de onde os meus versos voavam - pássaros de luz
a que deste vida com o teu calor -
é que longe de ti eu me sinto perdido
- sabes? -
desertamente perdido de mim !
Em vão procuro…
mas só vejo de bom, mas só vejo de puro
este céu que eu avisto da minha janela.
E assim, querida,
eu te mando este céu, todo este céu de PortoAlegre
e aquela
nuvenzinha
que está sonhando, agora, em pleno azul !

A Cor do Invisível, Editora Globo, São Paulo, 1989

 

Lettera

Vorrei portarti un'immagine qualsiasi
per il tuo compleanno,,,
Oh! Ma c'è solo questo vuoto doloroso
di una sala d'attesa dove non c'è nessuno…
Il fatto è che
lontano da te, dalle tue mani miracolose
da dove i miei versi prendevano il volo - uccellini di luce
a cui desti vita col tuo calore -
lontano da te mi sento perduto
- sai? -
come sperduto in un deserto!
Invano cerco…
ma la sola cosa che vedo di buono, di puro
è questo cielo che vedo dalla mia finestra.
E allora, mia cara,
ti mando questo cielo, tutto questo cielo di Porto Alegre
e quella
nuvoletta
che stà sognando, ora, in pieno azzurro!

 

 

Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo.
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que seja fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel !

A Cor do Invisível, Editora Globo, São Paulo, 1989

 

Ho scritto un poema triste

Ho scritto un poema triste
E bello, soltanto per la sua tristezza.
Non è da te che viene la tristezza
Ma dal mutare del Tempo.
Che ora ci porta speranze
Ora ci dà incertezza…
E non importa, al vecchio Tempo,
che sia fedele o infedele…
E resto, attaccato alla corrente,
Guardando le ore così brevi…
E con le lettere che mi scrivi
Faccio barche di carta!

 

O velho do espelho

Por acaso, surpreendo-me no espello: quem è esse
Que me olha e è tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto… è cada vez menos estranho…
Meu Deus, meu Deus… Parece
Meu velho pai - que já morreu !
Como pude ficarmos assim ?
Nosso olhar - duro - interroga:
"O que fizeste de mim?!"
Eu, Pai ?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga… Que importa ? Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra ! -
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste…

Apontamentos de História Sobrenatural, Porto Alegre, Editora do Globo, 1976

 

Il vecchio nello specchio

Mi sorprendo, per caso, nello specchio: chi è questo
Che mi guarda ed è tanto più vecchio di me?
Però, il suo viso... è via via meno strano...
Mio Dio, mio Dio... Mi sembra
Il mio vecchio padre - ma è già morto!
Com'è possibile diventar così?
Il nostro sguardo - duro - interroga:
"Cos'hai fatto di me?"
Io, Padre?! Sei tu che mi hai invaso,
Lentamente, ruga a ruga... Che importa? Io sono, ancora,
Quello stesso bambino ostinato di sempre
E alla fine i tuoi piani sono andati a rotoli.
Ma so che ho visto, un giorno - la lunga, l'inutil guerra! -
Ho visto sorridere, in quegli stanchi occhi, un orgoglio triste…

 

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim…
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que teria que fechar teus olhos para as ouvir…
Sim ! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel.
Trago-te palavras, apenas… e que estão escritas
do lado de fora do papel… Não sei, eu nunca soube
o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento da Poesia…
como
uma pobre lanterna que incendiou!

Apontamentos de História Sobrenatural, Porto Alegre, Editora do Globo, 1976

 

Vorrei portarti dei versi molto belli

Vorrei portarti dei versi molto belli
raccolti nel più intimo di me…
Le parole
sarebbero le più semplici del mondo,
ma non so di qual luce illuminarle
per farti chiudere gli occhi ad ascoltarle…
Sì, una luce che da dentro sorgesse,
come questa che accende inattesi colori
nelle lanterne cinesi di cartone.
Ti porto parole, solamente… e che stan scritte
sul bordo del foglio… Non so, non ho mai saputo
cosa dirti
e questo poema sta morendo, ardente e puro, al vento di Poesia…
come
una povera lanterna che ha preso fuoco!

 

O adolescente

A vida é tão bela que chega a dar medo.

Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas

esse medo fascinante e fremente de curiosidade que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.

Medo que ofusca: luz!

Cumplicemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:

Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
- vestida apenas com o teu desejo!

Apontamentos de História Sobrenatural, Porto Alegre, Editora do Globo, 1976

L'adolescente

La vita é tanto bella che arriva a far paura.

Non la paura che paralizza e gela,
statua improvvisa,
ma

questa paura affascinante e fremente di curiosità che fa
il giovin felino andare avanti fiutando il vento
quando esce, per la prima volta, dalla grotta.

Paura che offusca: luce!

Con complicità,
Le foglie ti raccontano un segreto
vecchio come il mondo:

Adolescente, guarda! La vita é nuova…
La vita é nuova e cammina nuda
- vestita solo del tuo desiderio!

 

O mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Ha tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Ha tanta moca bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Apontamentos de História Sobrenatural, Porto Alegre, Editora do Globo, 1976

La mappa

Guardo la mappa della città
Come chi esaminasse
L'anatomia di un corpo…

(Neanche fosse il mio corpo!)

Sento un dolore infinito
Delle strade di Porto Alegre
Dove non passerò mai...

Innumeri angoli strani
E sfumature di pareti,
E tante ragazze carine
Nelle vie che non ho percorso
(E ce n'è una incantata
Che neppur nei miei sogni ho sognato...)

Quando sarò, un dì di questi,
Polvere o foglio che svolazza
Nel vento del primo mattino,
Sarò un poco del niente
Invisibile, delizioso

Che rende la tua aria
Più simile a uno sguardo,
Soave mistero amoroso,
Città del mio andare
(Di questo già ben lungo andare!)

E forse del mio riposo...

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