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Por Mario Chiapetto - Tradução Gabriella Minisini

 

Azulejo

A cor do mediterraneo sobre o Oceano

 

Os visitantes mais atentos do sul da Espanha e de Portugal não podem deixar de notar uma forma de arte cerâmica aplicada bastante caraterística: referimo-nos ao azulejo, ou seja, o ladrilho de cerâmica quadrada,cujas dimensães clássicas são cerca 15 cm por 15. Aplicada em número muito elevado, cobria grandes superfícies nas paredes e por vezes no chão, quer nos interires quer nos exteriores das habitações (esta última e a forma mais vistosa).

Este ladrilho pode conter um único desenho, fechado em si, e neste caso chama-se figura avulsa ( célula autonoma), ou pode ser uma célula dum desenho que ocupa mais de um ladrilho; neste caso pode ser um desenho ripetitivo, tendenzialmente infinito, aquile que - mais modestamente – ainda hoje o vemos nas nossa cozinhas ou casas de banho. Ou então pode ser um desenho previamente definido, normalmente com  figuras humanas ou paisagens naturais ou arquitectònicas. Estas últimas modalidades de realização chama-se painéis.

1) A origem

A  pròpria palavra « azulejo » ja diz muito : è um termo de origem  árabe, Azulajum significa pedra limpa, lúcida; e indissouvelmente està ligada à cor azul, pelo menos na sua modalidade mais conhecida. Estes ladrilhos, feitos normalmente em grande quantidade na Espanha mouresca e nos Países Àrabes, fazem a sua aparição na parte cristã dá penisula iberica a partir do Quatrocentos . Obviamente não foram alheios a esta difusão quer os artesões mouros que ja passaram sob o domínio cristão, quer as encomandas ibericas que, depois do fim da reconquista, començavam á avaliar e a apreciar os requintes mouriscos dà  Andalusia.

Por sua vez os árabes tinham aprendido a técnica de mosaico dos bizantinos simplificando-a através  da composição policromatica das tesselas de maiolica (alicatados ou azulejo enxaquetados, em xadrez heraldicos)geometricas, não precisamente quadradas. Em Portugal os primeiros ladrilhos são de importação mourisca, sevilhana e algumas vezes valenciana.

2) As técnicas

Como obra cerâmica a execução dos azulejos não apresenta grandes dificuldades, uma vez que tem uma forma sempre idênticas. A relevância artística intervém no desenho geometrico, cada vez mais elaborado. Não sendo ainda conhecida a técnica das cozeduras seguintes do objecto cêramico (primeiro fogo, segundo fogo ou grande fogo, terceiro fogo ou pequeno fogo), necessariás para fixar as várias cores que tinham temperaturas de fixão diversas na superfície, usaram-se duas técnicas diferentes: a da corda seca e a da cuenca ( em castlhano). A primeira era assim definida porque as linhas do desenho eram impressas com cordéis esticadas impregnadas de gordura que ardiam durante a cozidura. Os sulcos eram preenchidos com tinta e assim as cores ficavam separados. Pelo contrário, a cuenca era um molde de madeira que incidia os ladrilhos.

Com o desenvolvemento do conhecimento da técnica da sucessão dos fogos, e com a passagem à exigência de encomandas cada vez mais requintadas que queria libertar-se da repetição do desenho geometrico, justamente em Portugal passou-se no seculo de Quinhentos,ao azulejo pintado sobre superfície plana. Santos Simões, o mais conhecido dos estudiosos portugueses do azulejo, sublinhou como é que a esta modificação quer técnica quer de gosto não foi alheio Niculoso Pisano, ceramista que se estabelerceu em Sevilha no início do século,de quem se discute a origem (pisana ou ligure). Com certeza localizava-se na área do tirreno / mar ligure o ponto da partida da renovação esilistica iberica. Os séculos de Quinhentos e Seicentos vêem assim o afirmar-se de uma produção azulejar com desenhos multicores para depois passar no fim do século à predominância do azul, o mais típico e mais reconhecível para o visitante. Os ladrilhos multicolor onde ressaltavam vàrias tonalidades de verde, amarelo, castanho devem o seu subestrato inspirador ao contributo das técnicas holandesas de Delft e dos seus imitadores ingleses (Delftware), que completaram o panorama português nos dois seculos de ouro da cerâmica, os séculos XVII  e XVIII. Na segunda metade do século XVIII, depois do grande terramoto e a reconstrução pombalina, viu-se uma verdadeira produção em série de ladrilhos, sempre de grande qualidade mesmo quando se tratava de trabalhos realizados por aprendizes; ao mesmo tempo perdeu-se o costume de fazer painéis antigos e habituais com pinturas ad hoc. O contributo holandêsé ainda hoje evidente em algumas painèis de parede, onde as figuras avulsas são de modelo nòrdico, às vezes evidenciadas pela sua cor castanha típica, enquanto as barras, ou seja o equivalente de um rodapé nobre, são claramente de origem local portuguesa.

O Oitocentos e o Novecentos que neste lugar omitimos, vêem uma primeira decadência, e depois uma redescoberta do azulejo, até aos grandes nomes de artistas ligados à renovação artística do fim do século XIX, como Rafael Bordalo Pinheiro, ou aos experimentadores das decorações do metro lisboeta.

 

 

3) O azulejo na Liguria


Um fio de cor azul, junta a Penisula Iberica à italiana:è precisamente o azulejo que como produtode importação áraba e espanhola, e depois como produto autòctone exalta a estreita relação comercial, cultural e politica entre as duas culturas.

É mais facíl explicar a “ riggiola” ou “reggiola meridionale” ( o nome è provavelmente de origem catalã rajola ) visto antes o seu longo domínio aragonês e depois espanhol, e a estrutura social do cometente que mandou produzir e ornar grandes e magníficas quantidades de ladrilhos.

Mais indipendente e ligada a escolhas autòctones do cometente è a produção ligure quantitativamente mais pequena , fabricada nos fornos de Savona, Albissola e, em medida menor de Genova. O termo de designação do ladrilho na Liguria è “laggione”. É de notar que o termo està ainda  mais proximo do modelo árabe do que o equivalente ibérico. A importação da Espanha para a Liguria parece mais antiga do que outras importações em Itália, remontando ao século XIII. Os alicatados genoveses, mesmo se muito restaurados ou destrúidos, são ainda visíveis em algumas igreja românicas ou gòticas , e citiamos como exemplo a flecha de Sant’Agostino em Genova ( sede do Museu de Escultura ).

Os séculos XV e XVI  representam o triunfo dos “ laggioni” de Savona e de Albisola, quer como quantidade quer como qualidade. Importados como produtos feitos com a técnica da corda saca e de “cuenca”, mas nunca como produtos autoctones, os  figuli ( ceramistas ) da Liguria exaltaram uma nova técnica, criando um desenho seja monocròmico seja policròmico sem passar atraves da compressão do ladrilho. Estes paineis estão agora reduzidos em quantidade quer pelos séculos passados, quer pelas feridas bélicas , quer pela incúria em relação a um produto não mais apreciado pela aristocracia; sãa ainda visiveis os paineis em Savona ( Museo Priamar, átrio da Câmara de Comércio) em Genova,  museus local, em algumas casas e igrjas de Savona ( S. Ignazio), nas escadarias das duas casas em Génova na rua Luccioli e em algumas exposiçõesde antiguidadese privadas. Muito parecido com o gosto ibérico ou português è a decoração da capela Botto da igreja de Santa Maria de Castello em Génova , que representa S.João a benzer e S. Jorge (padroeiro de Génova).

O século de Seicentos vê acabar a produção dos clássicos laggioni, porque agora são outros os porodutos encomandados, sobretudo os grandes vasos de farmácia tipicos da Liguria, de Savona e Albisola, autênica gloria mundialda cerâmica de Liguria.

O século de Setecentos apresenta pelo contrário alguns episodios de redescoberta do laggione, através de um cometente aristocratico que querendo embelezar as suas casa de campo, faz um grande uso de cerâmicas. Este uso será todavia ligado mais a um uso de serviço ( chão) do que à decoração das paredes. Temos o exemplo do extenso chão do salão de festas da Villa Durazzo Faraggiana de Albisola, objecto de um rigoroso restauro filològico. Semelhante a alguns modelos pombalinos, mas com livre interpretação rococò da liguria, este obra demonstra a vitalidade de uma arte relativamente simples , mas que ligou , em épocas diferentes e com origens distintas as produção destes decorações e acabamentos comuns à Italia, Espanha e Portugal.

 

A visitar-se em Portugal:

A nave da Capela de São Sebastião em Lumiar (um bairro de Lisboa) de 1628, onde estão representados São Paulo e Santo Antônio
O Palácio Marquês da Fronteira em Lisboa, mais precisamente no bairro Benfica
Igreja do Espírito Santo em Évora
Estação do Metrô de Anjos em Lisboa
A fachada da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego em Lisboa
O Museu Nacional do Azulejo em Lisboa
O Monastério de São Vicente de Fora em Lisboa
O Palácio Nacional de Sintra
Palácio de Queluz

A apreciar na Itália:

O painel da Madonna del fascio (cm 320x260) de Leopoldo Battistini (1865-1936), em Predappio
O pavimento da capela Vaselli a S. Petronio em Bolonha
A capela Lando no interior da igreja de S. Sebastiano em Veneza
O revestimento da capela funerária Caracciolo del Sole in S. Giovanni a Carbonara em Nápoles
O pátio interno de S.Chiara em Nápoles
O pavimento da igreja de S. Francesco em Deruta
A Igreja de S. Donato em Castelli
Villa Gavotti em Albisola Superiore

 

Bibliografia:

SANTOS SIMÕES, Corpus Azulejaria Portuguesa, 5 volumi, 1959-1979;
L. GRASSI - M. PEPE - G. SESTIERI, Dizionario di antiquariato, Milano,  Vallardi-Garzanti, 1992 alle voci LAGGIONI, RIGGIOLE, ALICATADO, 
AZULEJO;
R. CHARLESTON, Ceramica nei secoli, Milano, Mondadori, 1970; 
MARIA MANUELA MALHOA GOMES - JOÃO PEDRO MONTEIRO Azulejos. Conservação e restauro, Lisboa, Fundação Ricardo do Espirito Santo Silva, 1997; 
JOÃO CASTEL BRANCO PEREIRA As colecções do Museu Nacional do Azulejo de Lisboa, Zwemmer, 1995.
ALFONSO PLEGUEZELO HERNANDEZ, Azulejo sevillano, Sevilla, Padilla, 1992.
LORENZO LANTERI Voci orientali nei dialetti di Liguria, Savona, A Campanassa, 1980, pag, 20.
Ver também os ATTI DEL CENTRO LIGURE PER LA STORIA DELLA CERAMICA, fundado no ano de 1968 em Albissola.
GIUSEPPE BUSCAGLIA Criterios di identificación de los azulejos sevillanos y ligures y una producción inedita savonense del siglo XVI,
Sevilla, Publicaciones de la Universidad de Sevilla, 1992
RENZO AIOLFI - GIUSEPPE BUSCAGLIA La ceramica savonese nella Raccolta Civica, Savona, Comune di Savona, 1990, pp. 38-45.
FEDERICO MARZINOT Ceramica e ceramisti di Liguria, Genova, Sagep, 1996.
HERNANDEZ Azulejo sevillano cit, pag. 50.
FEDERICO MARZINOT, L'uomo e la civiltà in Liguria: la ceramica, Genova, Sagep, pag. 40-41.

Na web:

Azulejos de Lisboa
Instituto Camões
Museu do Azulejo

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